O consumo como o deleite supremo, a ignorância como identidade nacional e a estupidez como motivo de orgulho

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

O leitor mais atento perceberá a acidez diante do título, já aquele, acostumado apenas à leitura de manchetes, zunirá insistentemente o absurdo de um título longo, pois fora acostumado com três ou quatro palavras regadas à onomatopeia.

A Revista Bula é uma das que aprendi a gostar depois de várias conversas com o meu amigo cineasta Neco Pagliuso. Gostava muito da “Cult”, porém o poeta fez-me deleitar diante daquelas páginas. Até hoje conservo este prazer e a busca pelo conhecimento. E foi diante destas leituras que me deparei com este título, que, na verdade, era uma das argumentações expostas pelo cronista. Mas o foco da narrativa do cotidiano era sobre a responsabilidade do escritor. Escrever baseando-se na teoria do semiólogo Barthes, ou seja, a dicotomia entre escrevente e escritor.

A minha intenção não é esta, embora o ato de escrever deve ser sério, dotado de argumentos pautados, distantes das falácias expostas em textos que nos envergonham e empobrecem cada vez mais o ofício de escrever. É triste, pois enquanto o preconceito dessa elite que tentará se manter no Poder para não perder suas benesses, debochavam do dialeto do ex-presidente Luiz Inácio ou mesmo de algumas frases apresentadas de forma desconexas pela ex-presidenta Dilma, exalta os coices e pontapés emitidos pela variação linguística cultivada pelo Planalto através de seu representante Mor. O atual presidente da República não possui decoro, não mede o fel exposto por suas palavras, exala o preconceito ao olhar, e mais do que tudo isso: flerta com o golpismo, implode à democracia, abandona aos mais humildes, risca do mapa seus opositores.

A educação nunca fez parte da sua conduta, foi abolida de seus Ministérios ao diminuir recursos destinados a esta pasta, assim se fez com a cultura, ao acusar os artistas brasileiros de comunistas ou de diminuir recursos, vetar leis e transformar o Ministério da Cultura em Secretaria. É essa a linguagem que muitos ansiavam e, hoje, através de coaxos, zunidos, uivos, mugidos contemplam ao absurdo, ao dizimar o próprio ser humano; tudo isso pelo umbiguismo, o aumento absurdo da riqueza dos que mais possuem. São tempos difíceis diante desta variação linguística que nem as emas do Palácio Presidencial aceitaram.

Enquanto os mais pobres lutam para ter mais de uma refeição por dia, devido aos preços exorbitantes, os mais ricos deleitam-se em shoppings e curtem esse enriquecimento retirado dos que menos têm. De fato, a ignorância é a identidade nacional que cercam seu presidente e atribuem a ele o adjetivo “mito”. É a estupidez como motivo de orgulho. Infelizmente não conseguem visualizar o apocalipse em que estamos sendo confinados.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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